Em discurso durante uma cerimônia em Santo André, na Grande São Paulo, nesta quarta-feira (30), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a realização da Copa do Mundo no Brasil e disse não ter medo de manifestações durante o evento.
— Não temos que ter preocupação se vai ter passeata ou protesto. Imagina se nessa altura do campeonato, com 68 anos, dos quais 38 fazendo protesto, eu vou ter medo de protesto? A Dilma com 20 anos, a 'bichinha' estava presa, foi torturada, tomou choque pra tudo quanto é lugar, por protestar. Ela agora vai ter medo de protesto? [...] Quem quiser protestar que proteste. O que nós temos que garantir é a realização da Copa do Mundo. Garantir e torcer para que o Brasil não dê o vexame de 1950. Aí vai ter protesto.
Admitindo estar mais calado quanto a temas polêmicos, o ex-presidente opinou sobre as manifestações promovidas recentemente no Brasil.
— Essa juventude que muitas vezes faz rebeldia sem saber o porquê precisaria discutir um pouco mais de política.
Ele também comentou o ato de racismo contra o jogador de futebol Daniel Alves nesta última semana.
— O que explica um cafajeste jogar uma banana no campo no Daniel Alves no jogo do Barcelona, se não é a ignorância sólida de um ser humano?
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O ex-presidente recebeu o título de Cidadão Honorário de Santo André do prefeito da cidade, Carlos Grana (PT). A ministra do planejamento, Miriam Belchior, também esteve presente na solenidade. Ele disse estar viajando pelo mundo para fazer um “confronto” à imagem negativa que estaria sendo criada do Brasil em decorrência das críticas à organização da Copa do Mundo.
— O que nós temos que compreender é que uma Copa do Mundo não se trata de dinheiro. Eu vejo as pessoas tentando justificar [as críticas] dizendo que vai entrar R$ 2 bilhões, 3 bilhões, 4 bilhões. Não importa quanto vai entrar. A Copa do Mundo é um estado, um encontro de civilizações em que o Brasil tem que mostrar a sua cara do jeito que é, o nosso povo do jeito que é. Nós não temos que esconder ninguém.
Recados à oposição
O ex-presidente citou ainda programas feitos durante as gestões do PT no governo federal e mandou um recado aos opositores.
— Eles que não gostam de nós e têm preconceito contra o PT não é pelas coisas erradas que nós fazemos, é pelas coisas certas. Porque o Prouni [Programa Universidade para Todos] e o Fies [Fundo de Financiamento Estudantil] permitem que a filha da emprega doméstica possa ser médica, que o filho do pedreiro possa ser engenheiro, que o filho do jardineiro do cemitério possa ser diplomata.
Lula também criticou a abordagem da imprensa sobre as políticas realizadas durante a sua gestão e a atual gestão de Dilma à frente do Palácio do Planalto.
— Fico imaginando como imprensa me tratava quando eu era presidente, fico vendo como é que a imprensa trata a Dilma no governo. Eles não precisam falar bem de nós, não estamos pedindo, nós só queríamos que falassem a verdade, que não traduzissem as palavras, mas que as publicassem, tal como nós a proferimos. Quando eu falava ‘menas’ laranja eles [da imprensa] publicavam.
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